Residencies
D10 RESIDENCIES refere-se a um programa posto em prática nos últimos anos que visa promover os artistas locais e o seu trabalho criativo fora de Viana do Castelo. Para o conseguir, estabelecemos parcerias com as autoridades locais e outras entidades culturais portuguesas, com uma visão conjunta de passar a uma escala global nos anos vindouros.
Adicionalmente, estamos a trabalhar com organizações internacionais para estabelecer um programa de residências de longa duração por forma a trazer artistas estrangeiros à nossa cidade de Viana do Castelo, promovendo o seu trabalho e o nosso património.
obras, de Paulo Barros
Data: 25 de Agosto de 2018
Local: DINAMO10
obras, de Paulo Barros - residência artística no DINAMO10 durante Julho-Agosto de 2018 em que se explorou o processo criativo na criação de uma obra.
desta exploração plásticas encerramos com um projecto que regista este processo, o vídeo de Miguel F. Arieira.
obras de Paulo Barros from DINAMO10 on Vimeo.
D10 vai a banhos no Balneário - Parte III Repuxo | Phole
Data: 03 de Outubro
Local: Balneário | LX Factory
Repuxo - Paulo Barros
Afastado das margens da costa.
Sou levado pela corrente.
Entre ondas, mergulho fundo.
De repente, solto a pele.
O que devia estar dentro está fora.
O que devia estar fora está dentro.
Procuro de forma solta, encontrar, quando barro a tinta com a trincha sobre a matriz, uma inesperada relação com a imagem produzida. Este diálogo entre a ação e a obra, quando descobertos, é transferida com a prensa para o suporte em papel, de forma a revelar num registo a memória deste ato performativo.
O número de impressões intervencionadas podem variar de trabalho para trabalho, produzindo novas imagens, sobrepondo manchas, formas e cores com diferentes níveis, o que torna esta metodologia intemporal.
Os resultados finais sugerem paisagens visuais, onde as sobreposições de manchas cromáticas, se relacionam com formas orgânicas, imprevistas, tornando cada trabalho, independente e único.
Phole - João Gigante
Há muitos anos (pelos menos 7) na bruma da serra nasce o tocador do Phole. Quando os pássaros não bastam para colmatar o vazio sonoro e as árvores já não trauteiam canções orgânicas,os caminhos já não nos levam a onde queremos ir.
Na senda da descoberta infinita da regra desarticulada, do meandro absoluto do desapego sensível, encontra-se a forma abstrata de transformar reações cognitivas em padrões e reações sonoras.
Se outrora o medo de se perder a “forma/fôrma” ocupou a consciência dos ouvidos plurais, interessa agora tornar o instrumento um respeitado objecto de reprodução sonora. Transformar as sequências sonoras em vivências: reação de um eu que nada mais quer se não conhecer o seu próprio “lugar”.
D10 vai a banhos no Balneário - Parte II Gloria Mundi
Data: 15 de Julho a 08 de Setembro 2017
Local: Balneário | LX Factory
Situações iminentes, premonitórias, estados imprecisos de observação: assim se configura o trabalho de Laetitia Morais, delineado maioritariamente pela linguagem do desenho e da imagem em movimento.
Em Gloria Mundi, reúne-se um conjunto de obras pictóricas igualmente denunciadoras de um estado preparatório e de expectativa. Por analogia à anterior função do espaço expositivo, que serviu como balneário dos operários no seu período industrial, o conjunto alude ao acto de imersão, considerado por várias culturas depurativo da actividade mental, um enterro da memória para a aquisição decisiva da vacuidade.
A imersão sanciona as grandes etapas da vida. Na Antiguidade Clássica, mas também como prática cristã, as estátuas dos deuses e dos santos eram mergulhadas em banhos purificadores, com o intuito de evocar o renascimento ou de conjurar a seca. No hinduísmo, atribui-se o poder da fecundidade ao deus-macaco Hanuman e, durante a civilização egípcia, o cinocéfalo branco, espécie de macaco africano, era reincarnado no deus Thot, a quem os banhos eram dedicados. Já no Camboja, os macacos foram frequentemente caçados por serem considerados detentores das águas pluviais. Lembremos ainda o banho de sagração dos cavaleiros ou a fonte mercurial mencionada nos tratados de Alquimia. O banho é condição sine qua non de passagem para a abstracção, de iniciação, de uma não-morte ou resolução para a continuidade. Pensemos, como Bachelard, a água como um chamamento para a nudez.
Cenário a construir; casa que é refeita sobre uma base puída; trama que sustenta a estrutura; operação do vácuo e do negativo... É nesta ambiguidade do que aconteceu, do que está a acontecer ou por vir, que as obras instaladas no balneário se revelam, numa lógica que remonta à técnica de montagem, de ocupação e desocupação, onde nada lhes é determinante.
Porque a dimensão sonora e o seu carácter invisível têm um papel preponderante,Laetitia Morais convida Miguel Sá a intervir na abertura da exposição. Por via da música improvisada, partilham ambos, afinal, a trama de um processo de desagregação e retorno.
D10 vai a banhos no Balneário - Parte I Bravio | Sea Drawings
Data: 19 de Maio
Local: Balneário | LX Factory
Bravio | Paulo Alegria
Há um esforço tremendo da nossa sociedade em afastar o bravio dos meios onde intervimos, uma tentativa permanente de controlar a natureza e organizar os espaços "naturais" dentro de "normas" ou de planeamentos mais ou menos urbanos. No entanto, há sempre fugas, e a vida acaba por "encontrar um caminho". Com a crescente desflorestação e até pela actual escassez de zonas verdes planeadas, estes espaços, bravos, transformam-se em pequenos oásis e verdadeiros jardins espontâneos. P.A.
Olhando lá para fora, o mundo sempre pareceu ao homem dominado pelos verdes das plantas e pelos azuis da abóbada celeste. Chegados a 2017, ele está, na verdade, impregnado na sua totalidade pela cor vermelha: a cor do perigo.
Em 2016, foram vários os avisos dos mais reputados cientistas de que a Terra pode já ter ultrapassado a sua capacidade regenerativa, tamanho o mal que uma espécie de símios bípedes lhe provocou. Tanto que, já desde os anos 80 do século passado, Eugene Stoermer propôs o termo «antropoceno» para que se percebesse, de uma vez por todas, a capacidade que o Homo sapiens possui de alterar os sistemas ecológicos e até a própria geologia do seu planeta natal.
É por isso que temos de olhar as fotografia do projecto Bravio, de Paulo Alegria, não como uma chamada de atenção, mas como uma nova procura — que se assemelha já mais a uma demanda — por espaços que nos oferecem pequeníssimas vitórias da natureza sobre aquilo que a humanidade construiu. São momentos preciosos de captura, a maioria deles efémeros, nos quais reconhecemos que, apesar de tudo, se nos esforçarmos mais um pouco e deixarmos correr a nossa liberdade na seiva das árvores e no murmúrio das eternas águas, seremos capazes de recolher destas imagens a verdadeira essência da cor verde: a da esperança.
Raul Pereira
Sea Drawings | Pedro dos Reis
É um reviver de um tempo passado. Quando os dias eram maiores e a vida estava cheia de detalhes. A praia e as suas formas de vida faziam parte do processo de descoberta da vida e qualquer rocha era um motivo para exploração de um novo território.